O mundo do vinho é muito rico não só pela grande diversidade de tipos de vinhos encontrados pelo mundo afora, mas também pela grande variedade de termos vitivinícolas, sendo que alguns possuem ainda diferentes definições. Nada se compara com o termo francês Terroir (lê-se têrroar). Por vezes, ele é traduzido como tipicidade, que vem a ser a identificação do vinho com a região em que é produzido.
Já li diversas definições sobre o que vem a ser terroir, como a encontrada no manual do sommelier: “o conjunto de território, videira e técnicas tradicionais de vinificação que definem o caráter único de determinado vinho”. Também gosto muito da definição de Bruno Prats, antigo dono do Château Cos d’Estournel em Bordeaux: “É a combinação de clima, solo e paisagem”. Detalhando mais essa definição, podemos dizer que o clima e a sua combinação específica de macro e microclima, a amplitude térmica, que é a diferença de temperatura entre o dia e a noite, a distribuição das chuvas, as horas de sol, o declive da encosta, a drenagem do solo são fatores relevantes que determinam o caráter de um vinhedo.
Essa diversidade de aromas e texturas encontradas nos vinhos deixa os sentidos humanos à flor da pele, aguçados e atentos a essas nuances. Uma mesma uva dentro de um país se apresenta de forma diferente, como por exemplo a Chardonnay (lê-se Chardoné): na região de Champagne, no norte da França, temos um vinho com elevada
acidez e com notas cítricas devido ao clima frio da região que dificulta o amadurecimento da uva; já na região do Languedoc, no sul da França, temos um vinho de boa acidez e com aromas de frutas amarelas devido a proximidade do mar mediterrâneo e de um clima mais quente. Aqui já estamos falando da combinação específica que cada região tem com o macro e microclima. Veja como essa relação é importante e influencia o resultado final encontrado nas garrafas.
É por essa razão que os vinhos de Bordeaux são diferentes dos vinhos da Borgonha e que, por sua vez, são diferentes dos vinhos do Vale do Loire e assim por diante. Essa é a magia do mundo do vinho, com uma diversidade encontrada em vinhedos vizinhos que confunde a cabeça do enófilo iniciante ao mais experiente, mas que ao mesmo tempo
encanta e fascina. Em cada país, em cada região são encontrados vinhos diferentes devido ao terroir.
texto - Rafael Puyau
*Rafael Puyau (contato@rafaelpuyau.com.br) consultor-Sommelier com formação em enologia pelo Centre de Formation Professionnelle et Promotion d’Aude (CFPPA) em Narbonne, Sul da França é formado em sommelier pelo Instituto de Vinhos da Argentina. Certificado nível 3 pela Wine and School Education Trust (WSET), escola de vinhos de Londres e consultor empresarial pela Faculdade Arthur de Sá Earp (FASE) em Petrópolis.
Instagram rpuyau
Site – www.rafaelpuyau.com.br
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